quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Não vale tudo!!!


Hélio Gracie, inventor do jiu-jítsu, diz que, na vida, não valem vaidade, indisciplina e desrespeito à natureza!



Hélio Gracie o patriarca da família de lutadores campeões o brasileiro que reinventou o jiu-jítsu e ganhou fama mundial divulgando essa técnica de combate que e considerada imbatível, tem a luta no sangue ele condena a vaidade, prega o respeito à natureza e à disciplina e diz que a luta transformou sua vida. "Minha saúde era frágil, eu desmaiava e tinha tonturas." Hélio, que estudou até o terceiro ano do ensino primário e afirma nunca ter lido um livro, diz que encontrou na arte marcial sua autoconfiança, que compara a um colete à prova de balas, e a paciência que o fez parar de brigar fora do ringue. "Quando o homem conhece sua força ele é tolerante com os mais fracos." O chefe do clã dos Gracie afirma que sua natureza ainda é agressiva, mas aprendeu a controlá-la. O jiu-jítsu é violento?
Não, as pessoas é que são violentas.

O que o jiu-jítsu ensinou ao senhor que serviu para sua vida e não só para vencer no ringue?
A disciplina eu nem digo porque todo mundo tem que ter. Foi a tolerância. Quando eu não sabia lutar, era agressivo. Hoje sou o homem mais pacífico do mundo. Se você conhece a sua força, é tolerante com o mais fraco. Esses pitboys (como são chamados os adeptos do jiu-jítsu que se envolvem em brigas) são covardes. Gente fraca e sem moral que quer comprovar uma força que eles mesmos desconhecem.

O que a sua arte marcial pode ensinar a quem não é lutador?
Com ou sem luta, a melhor coisa que uma pessoa pode ter é autoconfiança. Ela faz você não ter medo de nada, porque medo é insegurança. Não há razão para ter medo. Medo do futuro? Ele não vai te fazer nada de mal! Medo da morte? Se meu filho morrer, era a natureza dele. Ninguém recebe o que não merece.

Que aluno dá mais trabalho?
O inteligente. Ele fica perguntando o porquê das coisas para guardar informação inútil na memória. Tem que pular a inteligência, fazer com que os movimentos fiquem mecânicos. O inteligente pensa no que vai fazer e não reage instintivamente ao imprevisto, como tem que ser numa situação de luta. O burro, a criança e a mulher não ficam racionalizando o aprendizado, como faz o homem inteligente, por isso têm mais facilidade em condicionar os reflexos. Jiu-jítsu é reflexo. O que ensino é defesa pessoal. Se você fizer 40 aulas comigo, não apanha de ninguém e bate em homens com o dobro do seu tamanho. Não há movimento de agressão que, na sua trajetória, não tenha um buraco, uma fragilidade. Eu entro nesse buraco com a minha alavanca. Força de vontade e perseverança, há que se ter em último grau. Coragem, só para se defender, não para se mostrar. Já o rancor é um péssimo estado de espírito.

O senhor já bateu nos seus filhos?
Você dar uma palmada num filho é uma coisa. Dar a segunda, a terceira, é crueldade. Mas eu eduquei os meus nove sem palmadas.

Qual o segredo da longevidade?
O sujeito pode fazer o que for, sua longevidade vai depender da natureza. Acho que o quanto alguém viverá já está predeterminado. Só que, se a pessoa não se cuidar, não vai morrer antes do tempo, mas vai sofrer antes. Quem morre doente numa cama fez algo para estar ali.

O que é ser valente?
É ter coragem de dizer a verdade. É não ter medo de desagradar. Quem não tem personalidade é por vergonha de ser como é.

Mulher é valente também?
A mulher não nasceu para ser uma guerreira. Ela é mais instintiva, impulsiva. Quando quer uma coisa, não mede as conseqüências. Por isso uma mulher bandida é muito mais perigosa que o bandido. O homem é mais cuidadoso, pensa, mede, avalia. Mas a mulher tem um sexto sentido que é dez vezes mais poderoso que a inteligência do homem. Quisera eu ter o sexto sentido da mulher! Jogava fora a minha inteligência.

O que é preciso para ser feliz?
Ter vontade de não errar e, por isso mesmo, pensar duas vezes. Quem não pensa, tropeça.

Que conselho o senhor daria aos mais jovens?
Que se conheçam intimamente, que respeitem a natureza, que tentem agir corretamente. Eu não presto, mas tento fazer as coisas direito. Sou o homem mais podre que há no mundo, mas não há no mundo homem que se porte melhor do que eu.

Que conselho o senhor daria aos mais jovens?
Que se conheçam intimamente, que respeitem a natureza, que tentem agir corretamente. Eu não presto, mas tento fazer as coisas direito. Sou o homem mais podre que há no mundo, mas não há no mundo homem que se porte melhor do que eu.

O senhor já disse que o sexo só é positivo quando feito para procriação. Como controlar o desejo?
A natureza foi sábia quando colocou o prazer no sexo, para que a espécie tivesse continuidade, e também quando fez da fome uma força quase incontrolável, para que o indivíduo se alimentasse e sobrevivesse. Quem manda filhos é a natureza e cada um tem a sua cota. Eu queria ter 20, mas tive nove. Os filhos servem à nossa evolução e ao nosso castigo. A gente passa por mil provas: filho, casamento, amigos, inimigos, família, negócios, comida, tudo. Tudo é uma prova da natureza para ela ver como é que a gente anda. Sexo, carne de porco, o que for: desde que eu tenha certeza de que tal coisa não é boa para a saúde, não faço. Não tenho nem vontade.

Como o senhor se define?
Hélio Gracie é um sujeito que não se permite errar e que pede a Deus que permita que ele não erre. Já não vivo para esta vida, mas para a próxima. Estou me preparando para voltar melhor. Poderia ser vaidoso, mas isso não leva ninguém a nada. Só atrapalha. Estou sendo santinho pra Deus me dar nota 9.

O senhor acredita em Deus?
Na natureza. Deus pode ser Jesus, Buda, tem várias denominações. Não devemos contrariar a natureza porque é onde Deus está. Minha religião é andar em sintonia com a natureza.

Qual foi sua maior vitória na vida?
Receber visitas como a sua. Ninguém recebe visitas como esta à toa. Se você veio aqui é porque alguma importância eu tenho. Eu poderia ser vaidoso disso, mas não sou. Combato a vaidade. O bom senso serve para isso, para a gente saber a diferença entre agir certo e errado. É fácil distinguir um e outro, porque não há meio termo. Não dá para ser um pouquinho vaidoso.

E sua grande derrota?
Nunca tive nada que me deixasse abatido ou desgostoso, e isso se deve à minha maneira de pensar. Se eu pegasse minha mulher na cama com outro, fechava a porta e saía de fininho para não incomodar. Mas ela nunca mais ia me ver. Se eu chegar aqui e minha casa estiver no chão, sei que Deus vai me dar outra. A derrota está na mente.




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